sábado, 2 de fevereiro de 2008

Crescimento do Google ajuda Microsoft em lei antitruste

O Google Inc. domina de tal forma o mercado de buscas e publicidade na Internet que dificilmente as autoridades vão considerar que a absorção do Yahoo pela Microsoft Corp. viola as leis antitruste, disseram dois especialistas na sexta-feira.

A Microsoft, maior fabricante mundial de softwares, enviou na noite de quinta-feira uma carta ao conselho do Yahoo oferecendo 44,6 bilhões de dólares pela empresa. Na sexta, o Yahoo disse que o conselho vai avaliar a oferta.

Evan Stewart, da consultoria Zuckerman, Spaeder LLP, disse que essa aquisição deve ser aprovada pelas autoridades porque existe um grande concorrente, o Google, porque o setor de tecnologia da informação muda rapidamente e porque há relativamente poucas barreiras para a entrada de novas empresas no mercado.

"No fim das contas, é difícil ver como eles podem rejeitar isso", disse Stewart.

As autoridades de proteção da concorrência nos EUA e na Europa costumam ser duras com fusões que reduzam de três para dois o número de grandes empresas num determinado setor, pois uma menor concorrência pode levar a preços mais altos para o consumidor.

Em 2001, a empresa HJ Heinz desistiu de adquirir a Beech-Nut porque as autoridades eram contra a fusão entre o segundo e o terceiro maior fabricante de alimentos para bebês.

Já a criação de um concorrente mais forte para o Google parece seduzir as autoridades do setor.

Segundo a empresa de auditoria comScore, o Google tem 77 por cento de participação no mercado global de buscas pela Internet. O Yahoo é o segundo, com 16 por cento, e a Microsoft ocupa um distante terceiro lugar, com 3,7 por cento.

"O que se quer é mais do que um só 'player' dominante", disse Edward Henneberry, co-presidente da Heller Ehrman LLP, consultoria européia para questões de concorrência.

Em San Francisco, Thomas Barnett, secretário-assistente de Justiça dos EUA para questões antitruste, disse apenas estar "ciente" da possível aquisição.

O senador democrata Herb Kohl disse que uma subcomissão antitruste presidida por ele vai realizar audiências sobre o tema caso o Yahoo aceite a proposta.

"Vamos precisar escrutinar o acordo cuidadosamente para garantir que não vai causar mal nenhum à competitividade do que tem sido um vibrante mercado da alta tecnologia, ou impactar negativamente os direitos de privacidade dos usuários da Internet", disse Kohl em nota.

Mas Hennenberry disse que as agências reguladoras dos EUA e da Europa devem deixar de lado as preocupações manifestadas por defensores do direito à privacidade. "As questões de privacidade não são realmente questões de concorrência", afirmou.


Fonte: Yahoo.com.br